quinta-feira, novembro 13, 2008

É, tem horas que não sei onde estava quando falei. Tem palavras que saem de minha boca que não sou capaz de reconhecer. Outra língua. Outras artes. E ardem!!!

Quando foi, já vem vindo. Engolir sapo, eructar estranheza. As palavras embolam e deixam a língua pastosa. Quando vê, já se cuspiu. Já se sujou.

Escrever é diferente. As palavras percorrem um caminho até aparecerem na frente dos olhos. Que vêem tudo e reprova tudo em tudo que é lugar. Elas não embolam, fazem fila nos pulsos. Às vezes, se autodestroem. Hum, tão voluntariosas!!! É. A gente deixa-se controlar enquanto controla (tem a ilusão de).

Às vezes também não dá pra saber o que aconteceu daquela vez. Que escrito é esse que não reconheço? Que palavras foram essas que não censurei?

É que a gente não é só de contar, mas do tenso e pretensioso ser. Ô verbo vaidoso! E é quase difícil não ser mais. Quase difícil. Mas quase alívio!

E quando você precisa a noite inteira pra mudar?
E quando você precisa passar tudo a limpo para aliviar?

Dá para passar a borracha? Dá para começar do fim? Dá para rasgar a página?

O grande segredo é que ao mesmo instante em que tudo se acaba, nada pára. Tudo continua. Não adianta. A gente tem de encarar o que vem, mesmo quando está andando de marcha-ré.

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