Eu queria ser artista, hehehe. Não a palhaça que sou, é lógico. Mas artista mesmo. Meu sonho sempre foi ser bailarina clássica. E cantar. Mas a minha voz é horrível. Pelo menos era o que todo mundo dizia. Tentei participar de um coral uma vez – um coral tem lugar para vários tipos de vozes, afinal. Não teve jeito. “Gente, ainda tá ruim, vamos, mais uma vez.” “Gente, de novo, ainda não está bom.” E aí eu experimentava ficar quieta, só uma vez: “Aaaaah...agora sim, muito bom!” Era humilhante e a coisa não durou muito.
As músicas eram a expressão adequada da minha melancolia. E cantar era a forma de exorcizar meus sentimentos sem precisar assumir o que eu sentia.
Uma vez, falei ao Guto que minha maior frustração era não saber cantar. E ele disse: “Você preferia não saber cantar, ou não saber dançar?”
Apesar de uma coisa nada ter a ver com a outra, conformei-me para todo o sempre!
Um dia me chamaram para cantar no coral da Igreja. De tão resignada, perguntei às meninas do coral se elas estavam loucas, se já tinha me ouvido cantar. “Todos os domingos. Não muitas pessoas sabem a letra dessas músicas, dá pra perceber.” Me deu força para continuar cantando nas missas, mas não acreditei totalmente.
Ano passado teve um curso de inspeção de pescado, todos os meus “ídolos” da inspeção de pescados lá. Numa festa, pegaram violão, puxaram uma irresistível bossa nova. Já meio “vermelha”, comecei a cantar. “Você tem uma bela voz, e canta muito bem!” Meu senso de ridículo não me deixou acreditar. Mas mais tarde ele repetiria. Ora, sei que não é verdade, tenho amigos sinceros, falei. “Não acredite. Você realmente tem uma bela voz.” Não era cantada, prometo. E então? Tem jeito?
And I'd give up forever to touch youCuz I know that you feel me somehowYou're the closest to heaven that I'll ever beAnd I don't want to go home right now And all I can taste is this momentAnd all I can breathe is your lifeCuz sooner or later it's overI just don't want to miss you tonight And I don't want the world to see meCuz I don't think that they'd understandWhen everything's made to be brokenI just want you to know who I am And you can't fight the tears that ain't comingOr the moment of truth in your liesWhen everything feels like the moviesYeah, you'd bleed just to know you're alive And I don't want the world to see meCuz I don't think that they'd understandWhen everything's made to be brokenI just want you to know who I am And I don't want the world to see meCuz I don't think that they'd understandWhen everything's made to be brokenI just want you to know who I am And I don't want the world to see meCuz I don't think that they'd understandWhen everything's made to be brokenI just want you to know who I am I just want you to know who I amI just want you to know who I amI just want you to know who I am
Meu pai voltou a trabalhar e começou a usar a internet. Sempre manda e-mails com o mesmo título: Saudades. Sempre começa o texto com: “Querida filha”. Sempre lembra do Léo em seus pedidos e sempre pede bênçãos a Deus. Sempre assina o nome completo.
Ah, pai! Se soubesse o quanto admiro tanta devoção por nós, tanto apego a Deus...
Se soubesse o quanto me sinto confortável com sua previsibilidade...
Às vezes certas coisas me enchem, é verdade. E não gosto do modo ríspido que fala, um tanto sem paciência para tratar-nos quando perto, um pouco grosso até, eu diria. Mas nada que me faça amá-lo menos. Sei que as pessoas têm defeitos e não as culpo por isso. São os espinhos da convivência, como na história dos porcos-espinhos que devem ficar próximos para não morrerem de frio, suportando os defeitos um do outro.
Ainda, admiro a abertura à tecnologia. Ainda que tivesse resistido ao e-mail, ainda que não se sinta à vontade com esse tipo de comunicação, como creio que aconteça, sempre esteve informado sobre as novidades tecnológicas, mesmo sem acessar a internet, mesmo sem usar. Sobre as tecnologias, nunca foi nem avesso nem fissurado. Bom, bem verdade que seus celulares têm sempre mais novidades que os meus, hehehe.
E gosto do jeito que ri, tão simpático quanto nervoso, na foto do álbum de casamento.
Pai, eu te amo do jeito que és. Com todos os defeitos. Queria que mudasse sim, para diminuir seu próprio sofrimento. Mas sempre serás meu pai, the first and the one, e até pelo outros reconhecido por suas singularidades.
Algumas coisas. Sobra menos tempo pra tudo. Vivo no exercício diário de dividir tudo com outra pessoa. Não posso dizer que não gosto. Mas é que expõe todo o nosso ser e o nosso saber às imperfeições.Queria todo o tempo do mundo, e ainda seria pouco, pra gastar com todo mundo que gosto. Meu marido, minha família, meus amigos, meus pacientes. Meus vírus, também!Mas tenho sido boa com eles. Minhas reações estão cada vez mais lindas. Dá até vontade de fotografar.
Voltei.
Voltei a ser virótica, voltei a ser internética.
Joguei fora tudo o que não servia mais e deixei pra trás o que não é mais tão importante.
"Eu já não sou o que era, devo ser o que me tornei." (Coco Chanel)
E dizem os chineses que a gente deve descartar tudo o que é supérfluo, porque as coisas supérfluas tiram o foco do principal, desequilibram energias, impedem a gente de chegar ao objetivo.
Então tá aí um blog limpo, com postagens arquivadas.
Tá aí a nova Paulinha! Mas num papel antigo: Virótica!