quarta-feira, maio 24, 2006

Pais são sempre tão previsíveis e adoráveis.

Meu pai voltou a trabalhar e começou a usar a internet. Sempre manda e-mails com o mesmo título: Saudades. Sempre começa o texto com: “Querida filha”. Sempre lembra do Léo em seus pedidos e sempre pede bênçãos a Deus. Sempre assina o nome completo.
Ah, pai! Se soubesse o quanto admiro tanta devoção por nós, tanto apego a Deus...
Se soubesse o quanto me sinto confortável com sua previsibilidade...
Às vezes certas coisas me enchem, é verdade. E não gosto do modo ríspido que fala, um tanto sem paciência para tratar-nos quando perto, um pouco grosso até, eu diria. Mas nada que me faça amá-lo menos. Sei que as pessoas têm defeitos e não as culpo por isso. São os espinhos da convivência, como na história dos porcos-espinhos que devem ficar próximos para não morrerem de frio, suportando os defeitos um do outro.
Ainda, admiro a abertura à tecnologia. Ainda que tivesse resistido ao e-mail, ainda que não se sinta à vontade com esse tipo de comunicação, como creio que aconteça, sempre esteve informado sobre as novidades tecnológicas, mesmo sem acessar a internet, mesmo sem usar. Sobre as tecnologias, nunca foi nem avesso nem fissurado. Bom, bem verdade que seus celulares têm sempre mais novidades que os meus, hehehe.
E gosto do jeito que ri, tão simpático quanto nervoso, na foto do álbum de casamento.
Pai, eu te amo do jeito que és. Com todos os defeitos. Queria que mudasse sim, para diminuir seu próprio sofrimento. Mas sempre serás meu pai, the first and the one, e até pelo outros reconhecido por suas singularidades.

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