quarta-feira, maio 24, 2006

Eu queria ser artista, hehehe. Não a palhaça que sou, é lógico. Mas artista mesmo. Meu sonho sempre foi ser bailarina clássica. E cantar. Mas a minha voz é horrível. Pelo menos era o que todo mundo dizia. Tentei participar de um coral uma vez – um coral tem lugar para vários tipos de vozes, afinal. Não teve jeito. “Gente, ainda tá ruim, vamos, mais uma vez.” “Gente, de novo, ainda não está bom.” E aí eu experimentava ficar quieta, só uma vez: “Aaaaah...agora sim, muito bom!” Era humilhante e a coisa não durou muito.
As músicas eram a expressão adequada da minha melancolia. E cantar era a forma de exorcizar meus sentimentos sem precisar assumir o que eu sentia.

Uma vez, falei ao Guto que minha maior frustração era não saber cantar. E ele disse: “Você preferia não saber cantar, ou não saber dançar?”
Apesar de uma coisa nada ter a ver com a outra, conformei-me para todo o sempre!

Um dia me chamaram para cantar no coral da Igreja. De tão resignada, perguntei às meninas do coral se elas estavam loucas, se já tinha me ouvido cantar. “Todos os domingos. Não muitas pessoas sabem a letra dessas músicas, dá pra perceber.” Me deu força para continuar cantando nas missas, mas não acreditei totalmente.

Ano passado teve um curso de inspeção de pescado, todos os meus “ídolos” da inspeção de pescados lá. Numa festa, pegaram violão, puxaram uma irresistível bossa nova. Já meio “vermelha”, comecei a cantar. “Você tem uma bela voz, e canta muito bem!” Meu senso de ridículo não me deixou acreditar. Mas mais tarde ele repetiria. Ora, sei que não é verdade, tenho amigos sinceros, falei. “Não acredite. Você realmente tem uma bela voz.” Não era cantada, prometo. E então? Tem jeito?

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