A Longa História da Garota Enxaqueca!
Dessa vez vou quebrar o silêncio. Até porque, sem poder falar, sinto uma vontade louca de falar como nunca! PRECISO dizer o que está acontecendo comigo. Ou o que eu acho que está acontecendo. Ou o que aconteceu e o que tem acontecido, simplesmente.
Acontecem coisas estranhas. Agora, mais do que nunca. Aparecem outras pessoas falando coisas que nunca apareceram.
Seguinte...eu tive umas crises diferentes dessa vez. A quem pergunta: “que crises?”, vou mandar o flashback: comecei a ter dores de cabeça fortíssimas aos 6 anos de idade. Não lembro detalhes do diagnóstico da época, do quanto amolei meus pais. Mas lembro da dor! É exatamente a que sinto até hoje!
Na época, meus pais pensaram até que fosse puberdade precoce. Minha cabeça latejava e eu sentia enjôo, que eu, criança, achava que era dor no estômago. Fiz trocentos exames!
Passei por vários médicos! Tomei anticonvulsivantes, antialérgicos, antidepressivos tricíclicos, remédios para labirintite, propanolol. Uso um remédio nas crises que custa mais de 20 reais um único comprimido, e agora um único comprimido não basta, às vezes, nem dois. Sempre carrego comigo.
Cheguei à fase do “tudo dois”: dois tylenol, dois ormigrein, dois ponstan, dois maxalt. Sem cerimônia para repetir a dose duas horas depois, se não estiver bem. Não penso em efeitos colaterais, se a dor me faz pensar que vou morrer de tanta dor. Claro, não abuso de paracetamol, pois a necrose hepática que ele causa ainda me mete medo.
Passei por situações inacreditáveis por causa da dor, daria um livro! E aprendi algumas coisas sobre ela. Do ano passado pra cá, elas se tornaram mais frequentes. Neste período pré-mudança para SP, sem ter um lar lá, sem ter tese, nessa relação de amor e ódio que todos os mestrandos tem com suas teses, as crises se tornaram atípicas. Desmaiava com muito mais frequência. Tinha crise durante 10 a 12 dias direto, me afastando de toda e qualquer atividade. Nem quero pensar em quantos dias de trabalho na tese eu perdi por conta disso!
Passei a ter atitudes que pnsava serem apenas defensivas: usar cafeína me traz um alívio incrível, e eu passei a exagerar um pouco. Prender o cabelo ou mesmo pentear me dói a cabeça, e eu passei a deixá-lo, chegava até a imaginar, quando ia nos casamentos de amigos: “Pena, acho tão bonito noiva de véu e grinalda, e não vou poder usar, vou ter de entrar na igreja de cabelo solto (que acho horrível para noiva!), senão vou terminar a cerimônia com dor de cabeça!” Percebi que se dormisse direto tinha dores, e passei a dormir 4 a 6 horas por noite, ou acordar a cada 4 h. Ficava sonolenta, mas sem dor! A menstruação piorava as dores, eu torcia para não menstruar – tive apenas 5 menstruações em 2002 e somente uma este ano.
Com a proximidade da data de ida para SP, a coisa piorou! Tensão, só pode ser. Nos primeiros dias do mês, comecei nova crise, mas esta era um pouco diferente, eu sentia as faces quentes, a cabeça grande e uma sede insaciável. Litros de água e de homeopatia – estava me automedicando, é lógico! Perdi totalmente a voz, pela primeira vez na vida. Não emitia nenhum som, um chiado, talvez...um miado! Procurei um endocrinologista, achei que essa sede toda e a ausência de menstruação pudesse ser hiperadrenocorticismo. E decidi procurar uma especialista em cefaléia, uma pessoa que só trabalhasse com dor de cabeça, e não um neurologista comum. Cheguei ao meu limite! Ao limite da sanidade! Só conseguia adormecer às 4 da manhã, e, na segunda-feira desta semana, tive coragem de me abrir com meu namorado. Eu estava apavorada, e chorava, chorava de medo: não queria dormir porque eu saia que ia acordar com dor de cabeça! Sabia que aquilo não fazia sentido, mas não conseguia parar! Ou será que fazia? Afinal, eu estava com dor de cabeça havia mais de 10 dias! E sempre ia dormir bem, e acordava terrivelmente mal. Na minha cama, olhando para cima, apreensiva e com medo, pavor de dormir, levantando várias vezes durante a noite para beber água... Estou ficando louca, meu Deus! Mas esta parte não tive coragem de contar a ninguém.
O endocrinologista falou que posso ter uma tireoidite linfocítica. Estou aguardando o resultado dos exames.
No dia seguinte, visitei a especialista. Que, claro, não tem convênio com plano nenhum, cobra uma fortuna, e isso foi suficiente para me deixar nervosa. Eu mal conseguia falar, eu mal conseguia pensar. Mas contei a história de minhas dores desde os 6 anos de idade. Não comentei sobre a minha crise de choro. Não comentei sobre nenhuma crise de choro. Sei lá, não consegui! Ela disse que minha história é muito rica, não dá para arriscar nada, pois já tive dores de todos os tipos. Tenho de fazer mil exames e um relatório sobre minhas dores por 4 meses, no mínimo. A suspeita mais forte dela é de que posso ter um tipo de crise convulsiva incompleta. Mas posso ter uma lesão numa região mínima do lobo temporal. E ainda hipotireoidismo ou diabetes insipidus! Fiz muitos exames, preciso fazer mais, e me isolei em casa porque não consigo falar.
E ainda não consigo dormir e ainda acho que estou ficando louca.
Na terça apanho exames e faço outros. Rezem por mim. A única coisa que tem dado certo, atualmente, são as orações.
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